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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

FILHOS DA ÉPOCA


Somos filhos da época
e a época é política.

Todas as tuas, nossas, vossas coisas
diurnas e noturnas 
são coisas políticas.

Querendo ou não querendo
teus genes têm um passado político,
tua pele, um matiz político, 
teus olhos, um aspecto político,

o que você diz tem ressonância, 
e o que silencia tem um eco
de um jeito ou de outro político.

Até caminhando e cantado a canção
você dá passos político
sobre um solo político.

Versos apolíticos também são políticos
e no alto a lua ilumina
com um brilho já pouco lunar.
Ser ou não ser, eis a questão.

Qual questão, me dirão.
Uma questão política.

Não precisa nem mesmo ser gente
para ter significado político.
Basta ser petróleo bruto,
ração concentrada ou material reciclável.
Ou mesa de conferência cuja forma
se discuta por meses a fio:
deve-se arbitrar sobre a vida e a morte
numa mesa redonda ou quadrada.

Enquanto isso matavam-se os homens,
morriam os animais,
ardiam as casas,
ficavam ermos os campos,
como em épocas passadas 
e menos políticas.

                                                                             (Wislawa Szymborska-1987)

Tanto a nossa participação, quanto a nossa não participação na política, nos traz consequências.
E agora?
Quais seriam as consequências decorrentes dessas diferentes posturas?







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